sexta-feira, 29 de junho de 2012

CARICATURA, CHARGE E CARTUM



Quando falamos em caricatura, inúmeros são os fatores sociais, culturais e históricos que contribuíram para o surgimento dessa forma de expressão. Uma simples definição não é o suficiente para passar a limpo a riqueza de informações que a caricatura, como linguagem gráfica, traz consigo.

De qualquer maneira, pretendo aqui explicar de modo mais simples possível, as características que diferem as principais formas de manifestação da caricatura como desenho de humor (caricatura pessoal, charge e cartum).
À saber, além do desenho, a caricatura é também expressa através da pintura, da escultura, do cinema, teatro, etc.

Voltando ao desenho de humor, muitas pessoas fazem confusão ao citar uma caricatura pessoal, uma charge ou um cartum. Qual a diferença entre esses termos?


Daniel Lüdtke


CARICATURA

          A caricatura pessoal é uma das formas de expressão caricatural e se utiliza do exagero em determinadas características físicas da pessoa. A palavra caricatura vem do italiano “caricare” que significa “carregar” ou “exagerar”, assim, os ilustradores adoram usar para satirizar personagens públicos. É mais comum vermos o emprego do exagero nos traços da fisionomia da pessoa caricaturada mas pode-se eleger qualquer parte do corpo, bem como trejeitos para serem destacados no desenho.
A caricatura, dependendo do contexto, pode até se transformar em uma charge (caso tenha um sentido de atacar ou criticar alguma situação) ou pode se transformar em cartum (se simplesmente for um desenho descompromissado). Não necessariamente as caricaturas têm que ser exageradas, podemos fazer caricaturas em formatos diferenciados, mas mantendo as características das pessoas para terem uma identificação mais facilitada. Então, uma caricatura é o retrato de alguém, exagerado ou não mantendo suas características físicas.

CHARGE







            A charge e o cartum são outras duas formas de manifestação caricatural mas o foco principal nesses casos, é uma situação ou um determinado fato ocorrido. A diferença entre a charge e o cartum é que a primeira relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse contexto ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é perecível. Justamente por conta desta característica, a charge tem um papel importantíssimo como registro histórico. A Charge é uma ilustração que tem como objetivo principal dar opinião e, na maioria das vezes, criticar certo assunto. A palavra CHARGE vem do francês e significa “atacar” ou “carregar”, digo isso no sentido figurado da palavra.
 A ilustração tem sentido em certa época com algum fato ocorrido em sua sociedade, é um trabalho temporal. Podemos ver muitos exemplos com temas de futebol e política, mas não excluem outros temas, simplesmente os dois são os mais inspiradores por suas polêmicas e acontecimentos. Esta é a maior característica da charge, contextualizar certa situação em seus desenhos, fora isso ela perde sua funcionalidade como termômetro crítico. Muitas charges duram décadas e são exemplos até hoje para profissionais, mantendo sua força de expressão e formação de opinião.






CARTUM

Já o cartum, ao contrário da charge, relata um fato universal que não depende do contexto específico de uma época ou cultura, sendo assim atemporal. A palavra vem do inglês “cartoon” que significa “cartão”, ele relata um assunto universal sem depender de contexto nenhum, apenas um tema a ser explorado. Temas universais como o náufrago, o amante, o palhaço, a guerra, o bem x mau, são frequentemente explorados em cartuns. São temas que podem ser entendidos em qualquer parte do mundo por diferentes culturas em diferentes épocas. É comum vermos a ausência de textos em cartuns. São os chamados cartuns pantomímicos ou cartuns mudos onde a ideia é representada somente pela expressão dos personagens no desenho sem que seja necessário o emprego de texto como suporte.
Como eu disse no início, uma simples definição não é o suficiente para citarmos todas as características dessa forma de expressão, mas, como base, é importante fazermos essa diferenciação entre as formas de manifestação da linguagem caricatural.

         CHARGES E CARICATURAS DE ELI DE CASTRO 

A partir de agora irei apresentar para vocês algumas de minhas caricaturas e charges revelando meu processo de criação.
                                                     Eleições Municipais de 2004
Essa foi uma das minhas primeiras charges realizadas nas eleições municipais de 2004.
Seguindo a sugestão de um amigo resolvi dar a minha interpretação dos comentários recorrentes sobre os reais interesses dos candidatos. Essa brincadeira não ficou em oculto na época. Algumas pessoas fizeram cópias dessa charge e distribuíram na cidade ficando uma grande interrogação: quem havia realizado o desenho? Pra quem não ficou sabendo, foi realizado por mim.
Essa é uma charge antiga realizada na época da faculdade. Foi uma brincadeira realizada entre colegas sobre honestidade na política.

Esta charge foi realizada num período que considero muito importante para a opinião pública no município de Quixabeira. Nesta época foi lançado o jornal municipal Q Folha, sucesso de vendas. Vindo a público quinzenalmente o jornal além de informar tinha como objetivo desenvolver o pensamento crítico.
A cada nova edição eram apresentadas charges que falavam sobre os problemas e os acontecimentos do município. Esta charge satiriza um problema de saneamento básico que afetava alguns moradores da rua Cruzeiro do Sul.
Infelizmente não tenho a charge da primeira edição, alvo de muita polêmica falando sobres questões da saúde pública.
Inicialmente estas charges provocaram muitas polêmicas por interpretações equivocadas e algumas foram até censuradas, como essa, por exmeplo, que teve seus balões de fala alterados, mas agora vocês podem ver a charge original sem a fala sensurada.
Com o tempo a população foi entendendo o significado de tudo e da liberdade de expressão.

Nesta charge é discutido um problema que incomodava parte da população:  a superlotação do cemitério municipal. Quando se cavava um túmulo era comum encontrar ossadas humanas que eram de forma desrespeitosa violadas e jogadas sobre outro caixão enterrado sobre os mesmos restos mortais.
Esta charge remete a um período de grande pressão enfrentado pelo prefeito daquela gestão. A população do povoado de Alto do Capim ainda não tinha acesso a água encanada, por isso ocorreram alguns protestos que culminaram numa visita que o Senador Aleluia fez a Quixabeira  em suas campanhas políticas.
Muitas pessoas foram a praça antiga da cidade para ouvir os discursos e uma parte das pessoas aproveitou a oportunidade para protestar contra a falta de água no povoado de Alto do Capim. Então um cidadão fez um questionamento audível para Aleluia sobre falta de água e ele respondeu que esse problema seria resolvido.





Esta charge foi uma forma de homenagear a cultura nordestina no Natal de 2005, e por incrível que pareça, foi alvo de muita polêmica por causa de interpretações equivocadas.


            Ainda discutindo o mesmo problema da falta de água no povoado de Alto do Capim e a pressão enfrentada pelo ex prefeito.
                                                                   
                        

                                              
PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA CHARGE OU CARTUM
A partir de agora vamos conhecer um pouco sobre o processo de criação de uma charge ou cartum.
Para isso, basta um conhecimento básico de desenho, boas ideias e estar atento ao que acontece a sua volta.
Qualquer assunto pode servir como tema: Futebol, política, o cotidiano, entre outros.
Para expressar suas ideias alguns cartunistas criam personagens, outros utilizam personagens reais realizando a caricatura deles. Um exemplo bem clássico disso são as charges políticas. Outros não se preocupam com a criação de personagens nem realizam caricaturas, sua atenção principal é com a ideia expressa podendo ser utilizado um personagem que seria aproveitado apenas uma vez para determinada charge.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
 
Todo processo de criação se inicia com o surgimento de uma ideia, que pode vir completa ou desconexa. Independente de como essa ideia possa surgir, ela deve ser registrada imediatamente. Antigamente eu costumava registrar minhas ideias em blocos, por isso sempre andava com uma caneta ou papel em mãos, atualmente costumo utilizar o celular para esse fim.
Nem sempre uma ideia vem completa, nesse caso devemos escrever o que nos vier a mente de forma que possamos entender mais tarde. As vezes isso leva tempo, mas com o registro da primeira ideia por escrito, mesmo que no momento ela pareça ruim, isso se torna mais fácil.
As ideias estão em toda parte: numa conversa informal com um amigo, numa piada espontânea do colega, num comentário de alguém na rua, na TV. Basta que você esteja atento e tenha bom humor.
Além do registro das ideias por escrito também existe também a registro desenhado e os estudos. Nesse processo você pensa como serão realizados os personagens, que expressões eles terão, cenários, etc.
Na primeira charge que realizei em 2004, minha ideia inicial era desenhar uma vaca com o nome prefeitura escrito nela, ela deveria ter tetas grandes e os candidatos a prefeitura deveriam estar em fila procurando ver quem mamaria nela primeiro. Antes de realizar o desenho comecei estudando como seria a vaca, suas expressões, anatomia, entre outros e os outros personagens.



Em seguida, realizei um estudo da charge para ver onde cada personagem se localizaria.
 
 

         Por fim, depois de ter certeza de como ela seria realizada, desenhei a charge.


Processo parecido ocorreu na criação da charge do político honesto. A diferença é que houve uma alteração da ideia original que era representar o político honesto em extinção dentro de uma jaula e ao longe um atirador mirando para acertá-lo. Esse atirador foi substituído por um homem e seu filho observando a jaula e a piada se deu através do diálogo dos dois.

                                                                          



 
 

 


 

EM CONSTRUÇÃO

 






terça-feira, 26 de junho de 2012

III JORNADA TRANSDISCIPLINAR - FACE - CAPIM GROSSO


Participação em evento cultural na FACE em Capim Grosso: III Jornada Transdisciplinar regada a poesia, música, artes visuais e estudos relacionados a preservação do meio ambiente. O objetivo da minha participação no primeiro dia do evento era criar uma obra que tivesse relação com o tema apresentado no encontro. Para isso eu teria 3 horas para pintar um painel. Essa primeira imagem é o início do desenho.
Início do Desenho


           
Antes de falar sobre meu processo criativo, que é o objetivo principal desse blog, gostaria de falar sobre o que seria um painel.
Geralmente as pessoas confundem painel com mural. O mural, como o próprio nome diz, é realizado num muro, parede, e suas características principais são: Sua relação com o ambiente, sua durabilidade, pois ele deve ser realizado de modo que tenha a mesma durabilidade do local onde será realizado e por fim, ele não pode ser locomovido. O painel também conserva características semelhantes, porém ele pode ser transportado.
Bem, é óbvio que a primeira coisa que devemos pensar quando formos realizar um painel é no seu tema. Para isso me foi sugerido que eu realizasse uma pintura que revelasse um ambiente seco  que aos poucos fosse se tornando verdejante. Achei a ideia interessante, mas penso que seria mais instigante se eu pudesse criar um meio para surpreender o público. Assim, resolvi que faria uma pintura ao vivo desse ambiente seco  e quando todos estivessem pensando que a obra havia sido finalizada eu começaria a transformar este ambiente devastado numa paisagem repleta de verde.
Eu tinha essa ideia em mente, mas o desafio era finalizar a paisagem seca no momento em que todos estivessem chegando a um denominador comum sobre soluções para a preservação do meio ambiente. Assim que o encontro estivesse chegando ao fim eu modificaria a paisagem.
Para a realização do painel eu utilizei o papel cráfit, que também é um tipo de papel reciclável e tinta a base de água.
A pintura se trata de uma imagem figurativa inspirada nas xilogravuras de cordel buscando assim uma relação com o nordeste e o semiárido, região onde estamos situados. De cores chapadas e imagem estilizada buscando praticidade em sua construção devido ao curto tempo para ser realizada.
Esta pintura buscou traduzir de modo visual os questionamentos e as soluções  apresentadas sobre a preservação do meio ambiente no nordeste e em nossa região.
Início do ebate e os primeiros questionamentos sobre a preservação ambiental - Ao fundo estou realizando o desenho inicial.

Iniciando a pintura pelo segundo plano da paisagem, (o ultimo plano, o fundo - ao contrário do que a maioria pensa sobre primeiro e segundo plano, o primeiro plano é a parte que está mais próxima, o segundo plano é o fundo e o plano intermediário, o que está localizado entre esses dois planos, o meio)  desse modo evita-se acidentes sobre a pintura com a sobreposição de tinta dos ultimos planos sobre os primeiros.





Primeira parte da pintura





Pintura da vejetação seca finalizada


Paisagem finalizada. Depois que os questionamentos se direcionaram para soluções a realidade da pintura se modificou revelando consigo os frutos de um trabalho de preservação ambiental organizado podendo modificar a realidada da nossa região e do nosso estado com soluções simples que contribuiriam muito em tempos de estiagem prolongada. Mas para que a pintura da paisagem verdejante se sobreposse a pintura da paisagem seca se fazia necessário que a paisagem seca fosse pintada com cores transparentes, ou seja, que pudessem ser sobrepostas por outras cores, cores chapadas, por isso a escolha do amarelo e do marrom claro para pintar o rio seco e o cinza claro para pintar a paisagem devastada, só assim o verde da paisagem e o azul e branco do rio pode ser ressaltado.


            No ultimo dia do evento realizei uma exposição e montei um stand onde apresentei o meu cordel (A Biata e o Ateu). Também realizei um desenho de criação a carvão sobre papel cráfit do rosto de um “Vaqueiro Fumando”.
Início do desenho
            O objetivo desse desenho era revelar a introspecção desse personagem típico da nossa região num momento de descanso e reflexão. Essa temática do sertanejo sempre me foi recorrente devido as minhas memórias e minha relação com o semiárido por ter vivido nessa região.
            No final da programação este desenho foi sorteado entre aquelas pessoas que compraram um cordel no meu stand.








segunda-feira, 12 de março de 2012

A FIGURA HUMANA NA ARTE


CORPO
Corpo, palavra com tantos significados no dicionário e alvo de grande interesse no universo da arte.
            O corpo é uma porção delimitada de matéria. Traz a ideia de unidade de determinada matéria.
            Podemos falar, por exemplo, de corpo celeste quando nos referimos a alguma matéria no espaço, como os planetas e as estrelas. Ou chamar de corpo docente o conjunto de professores de uma escola. Também costumamos dizer que o corpo de um objeto é sua parte principal ou central.
            Mas o corpo que causa mais curiosidade ao ser humano é o seu próprio corpo.


A FIGURA HUMANA NA ARTE
            Nesse olhar para si mesmo, a humanidade já usou o corpo como matéria-prima, como tema e como suporte para obras de arte.
            O corpo humano é capaz de se adaptar a inúmeras situações, de movimentar-se de variadas maneiras e de assumir uma infinidade de posições.
            O corpo determina em grande parte a existência do ser humano. Nossa ação, nossa percepção e nossa expressão são dependentes do nosso corpo.
            Por isso, a representação da figura humana acompanha a arte desde as primeiras manifestações gráficas da humanidade. Em cada lugar e época, assume formas e causas diferentes. E até os dias de hoje continua encantando espectadores e desafiando artistas.

Caçada da onça, na toca da subida da Serrinha. Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí)




DA PRÉ-HISTÓRIA ATÉ HOJE
            Na Pré-História o ser humano – com trações simples ao desenhar, pintar ou esculpir – foi capaz de registrar acontecimentos de sua época, fornecendo importantes informações sobre seu tipo de vida.
            Para fazer pinturas nas paredes das cavernas (pinturas rupestres), ele utilizava os dedos e talvez pincéis simples improvisados, como tocos de madeira, folhagens ou pelos de animais. Também produziu suas próprias tintas.
            Carvão, sementes, folhas vegetais, sangue e gorduras de animais eram as matérias-primas dessas tintas primitivas.
            A figura humana aparece tanto em cenas do cotidiano da Pré-História como em cerimônias. A dança, os rituais e a caça são as ações humanas mais representadas nas pinturas rupestres.

MÃOS PRÉ-HISTÓRICAS
         Normalmente, a figura humana pré-histórica aparece em desenhos esquemáticos, por vezes segurando ferramentas, armas ou outros objetos. O movimento (ou ação) é sugerido pela posição dos braços e das pernas. Não há muita proporção, isto é, respeito ao tamanho das figuras em relação às imagens dos animais, nem entre si.
            Em alguns lugares foram encontradas imagens de palmas de mãos humanas, datadas da Pré-História, como na Cova das Mãos (Argentina). Mas raramente aparece nessas pinturas alguma parte do corpo separada do restante, ou com muito detalhamento, como um rosto com suas feições.
 O COTIDIANO EM TIJUAÇU ATRAVÉS DE DESENHOS ESQUEMÁTICOS SEGUNDO A TÉCNICA DE PINTURAS RUPESTRES

Os alunos iniciaram suas reflexões conhecendo o boneco articulado, instrumento muito utilizados por artitistas no estudo do corpo 


 Na sequência assistiram o desenho animado "Pantera Pré-Histórica". Ao final, fizemos uma análise sobre esse período remoto levantando questões sobre o assunto

            Logo depois os alunos assistiram um vídeo sobre a Pré-História e a pintura rupestre.

            Baseado nessas reflexões, os alunos de Sétimo ano A desenvolvem atividades práticas norteadas pela técnica de representação de desenhos e pinturas rupestres procurando mostrar o cotidiano de Tijuaçu através de imagens em que a figura humana esteja em evidência.
ESTUDOS PRELIMINARES – CONHECENDO A TÉCNICA E A PRODUÇÃO ARTÍSTICA DA PRÉ-HISTÓRIA

            A turma iniciou seu processo criativo aprendendo como realizar um desenho esquemático por meio de desenhos que davam mais importância a tcomunicação do que a regras de proporção acadêmica. Cada trabalho devia ter cenas que pudessem ser identificadas facilmente pelos espectadores.








PARTINDO PARA A PRÁTICA – PAINEL COLETIVO – O COTIDIANO EM TIJUAÇU

Escolha do Suporte para a Pintura - A escolha do papel cráfit se deu pela cor, que nos remete a cor de uma rocha, sendo que queríamos imtar o processo de pintura parietal primitivo
Para a relaização do painel os alunos tiveram que remover os obstáculos da sala, assim eles teriam espaço livre para sua produção
Para dar um toque de realismo ao trabalho, decidimos amassar o papel procurando imitar as imperfeições de uma rocha
Iniciando a pintura do painel

















PINTURA RUPESTRE – PEDRA DECORATIVA