A
charge e o cartum são outras duas formas de manifestação caricatural mas o foco
principal nesses casos, é uma situação ou um determinado fato ocorrido. A
diferença entre a charge
e o cartum é que a primeira relata um fato ocorrido em uma época definida,
dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que
depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse contexto
ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é perecível. Justamente
por conta desta característica, a charge tem um papel importantíssimo como
registro histórico. A Charge
é uma ilustração que tem como objetivo principal dar opinião e, na maioria
das vezes, criticar certo assunto. A palavra CHARGE vem do francês e significa
“atacar” ou “carregar”, digo isso no sentido figurado da palavra.
A ilustração tem sentido em certa época com
algum fato ocorrido em sua sociedade, é um trabalho temporal. Podemos ver muitos
exemplos com temas de futebol e política, mas não excluem outros temas,
simplesmente os dois são os mais inspiradores por suas polêmicas e
acontecimentos. Esta é a maior característica da charge, contextualizar certa
situação em seus desenhos, fora isso ela perde sua funcionalidade como
termômetro crítico. Muitas charges duram décadas e são exemplos até hoje para
profissionais, mantendo sua força de expressão e formação de opinião.
CARTUM
Já o cartum,
ao contrário da charge, relata um fato universal que não depende do contexto
específico de uma época ou cultura, sendo assim atemporal. A palavra vem do inglês “cartoon” que significa
“cartão”, ele relata um assunto universal sem depender de contexto nenhum,
apenas um tema a ser explorado. Temas universais como o náufrago, o amante, o
palhaço, a guerra, o bem x mau, são frequentemente explorados em cartuns. São
temas que podem ser entendidos em qualquer parte do mundo por diferentes
culturas em diferentes épocas. É comum vermos a ausência de textos em cartuns.
São os chamados cartuns
pantomímicos ou cartuns
mudos onde a ideia é representada somente pela expressão dos
personagens no desenho sem que seja necessário o emprego de texto como suporte.
Como eu disse no início, uma simples
definição não é o suficiente para citarmos todas as características dessa forma
de expressão, mas, como base, é importante fazermos essa diferenciação entre as
formas de manifestação da linguagem caricatural.
CHARGES E CARICATURAS DE ELI DE CASTRO
A partir de agora irei apresentar para vocês
algumas de minhas caricaturas e charges revelando meu processo de criação.
Eleições Municipais de 2004
Essa foi uma das minhas primeiras charges
realizadas nas eleições municipais de 2004.
Seguindo a sugestão de um amigo resolvi dar a
minha interpretação dos comentários recorrentes sobre os reais interesses dos
candidatos. Essa brincadeira não ficou em oculto na época. Algumas pessoas
fizeram cópias dessa charge e distribuíram na cidade ficando uma grande
interrogação: quem havia realizado o desenho? Pra quem não ficou sabendo, foi
realizado por mim.
Essa é uma charge antiga realizada na
época da faculdade. Foi uma brincadeira realizada entre colegas sobre
honestidade na política.
Esta charge foi realizada num período que
considero muito importante para a opinião pública no município de Quixabeira. Nesta
época foi lançado o jornal municipal Q Folha, sucesso de vendas. Vindo a
público quinzenalmente o jornal além de informar tinha como objetivo desenvolver
o pensamento crítico.
A cada nova edição eram apresentadas charges
que falavam sobre os problemas e os acontecimentos do município. Esta charge
satiriza um problema de saneamento básico que afetava alguns moradores da rua
Cruzeiro do Sul.
Infelizmente não tenho a charge da primeira
edição, alvo de muita polêmica falando sobres questões da saúde pública.
Inicialmente estas charges provocaram muitas
polêmicas por interpretações equivocadas e algumas foram até censuradas, como essa, por exmeplo, que teve seus balões de fala alterados, mas agora vocês podem ver a charge original sem a fala sensurada.
Com o tempo a população foi entendendo o significado de tudo e da liberdade de
expressão.
Nesta charge é discutido um problema que incomodava
parte da população: a superlotação do cemitério municipal. Quando se cavava um túmulo era comum encontrar ossadas
humanas que eram de forma desrespeitosa violadas e jogadas sobre outro caixão enterrado sobre os mesmos restos mortais.
Esta charge remete a um período de grande
pressão enfrentado pelo prefeito daquela gestão. A população do povoado de Alto
do Capim ainda não tinha acesso a água encanada, por isso ocorreram alguns protestos que culminaram numa visita que o Senador Aleluia fez a Quixabeira em suas campanhas políticas.
Muitas pessoas foram a praça antiga da cidade para ouvir os discursos e uma parte das pessoas
aproveitou a oportunidade para protestar contra a falta de água no povoado de
Alto do Capim. Então um cidadão fez um questionamento audível para Aleluia
sobre falta de água e ele respondeu que esse problema seria resolvido.
Esta charge foi uma forma de
homenagear a cultura nordestina no Natal de 2005, e por incrível que pareça,
foi alvo de muita polêmica por causa de interpretações equivocadas.
Ainda
discutindo o mesmo problema da falta de água no povoado de Alto do Capim e a
pressão enfrentada pelo ex prefeito.
PROCESSO
DE CRIAÇÃO DE UMA CHARGE OU CARTUM
A partir
de agora vamos conhecer um pouco sobre o processo de criação de uma charge ou
cartum.
Para
isso, basta um conhecimento básico de desenho, boas ideias e estar atento ao
que acontece a sua volta.
Qualquer
assunto pode servir como tema: Futebol, política, o cotidiano, entre outros.
Para
expressar suas ideias alguns cartunistas criam personagens, outros utilizam
personagens reais realizando a caricatura deles. Um exemplo bem clássico disso
são as charges políticas. Outros não se preocupam com a criação de personagens
nem realizam caricaturas, sua atenção principal é com a ideia expressa podendo
ser utilizado um personagem que seria aproveitado apenas uma vez para determinada
charge.
PROCESSO
DE CRIAÇÃO
Todo
processo de criação se inicia com o surgimento de uma ideia, que pode vir
completa ou desconexa. Independente de como essa ideia possa surgir, ela deve
ser registrada imediatamente. Antigamente eu costumava registrar minhas ideias
em blocos, por isso sempre andava com uma caneta ou papel em mãos, atualmente
costumo utilizar o celular para esse fim.
Nem sempre
uma ideia vem completa, nesse caso devemos escrever o que nos vier a mente de
forma que possamos entender mais tarde. As vezes isso leva tempo, mas com o
registro da primeira ideia por escrito, mesmo que no momento ela pareça ruim,
isso se torna mais fácil.
As ideias
estão em toda parte: numa conversa informal com um amigo, numa piada espontânea
do colega, num comentário de alguém na rua, na TV. Basta que você esteja atento
e tenha bom humor.
Além
do registro das ideias por escrito também existe também a registro desenhado e
os estudos. Nesse processo você pensa como serão realizados os personagens, que
expressões eles terão, cenários, etc.
Na
primeira charge que realizei em 2004, minha ideia inicial era desenhar uma vaca
com o nome prefeitura escrito nela, ela deveria ter tetas grandes e os candidatos
a prefeitura deveriam estar em fila procurando ver quem mamaria nela primeiro. Antes
de realizar o desenho comecei estudando como seria a vaca, suas expressões,
anatomia, entre outros e os outros personagens.
Em seguida,
realizei um estudo da charge para ver onde cada personagem se localizaria.
Por fim,
depois de ter certeza de como ela seria realizada, desenhei a charge.
Processo
parecido ocorreu na criação da charge do político honesto. A diferença é que
houve uma alteração da ideia original que era representar o político honesto em
extinção dentro de uma jaula e ao longe um atirador mirando para acertá-lo. Esse
atirador foi substituído por um homem e seu filho observando a jaula e a piada
se deu através do diálogo dos dois.
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